Cientista Social alerta sobre importância de políticas públicas para a reversão do quadro de violência atual

Importância de políticas públicas para a reversão do quadro atual

A Cientista Social Silvia Ramos, apresentou em reunião preparatória para a oficina do Grupo de Trabalho – GT – Prática do Trabalho Social, gráficos e dados quantitativos sobre a realidade vivida nos diferentes continentes, no que diz respeito a violência, onde a América do Sul figura como o mais violento e infelizmente o Brasil merece destaque negativo. Uma das conseqüências decorrentes dessa realidade, são os altíssimos  índices de homicídios, que alçam o país a 6ª posição mundial, no ranking que trata do assunto com cerca de 50 mil mortes/ano. Outro dado alarmante apresentado é o fato de que a maioria das mortes acontece na faixa etária de 15 à 20 anos, chegando ao dobro das demais faixas. Ainda com relação aos números, vale ressaltar que os homens são maioria, que os negros figuram como a etnia mais afetada por esse triste índice / problema e que a Zona Sul mesmo com diversas favelas, responde por uma parcela que varia de 2 à 12% do total de mortes, comparável aos índices de países do primeiro mundo,  diferentemente das Zonas: Norte e Oeste do município do Rio de Janeiro, que respondem por todo o restante do percentual.

Silvia Ramos apontou para o histórico do possível motivo para o crescimento desses números, a falta de políticas públicas continuadas em comunidades carentes, que ao longo dos anos, fez com que surgissem grupos armados (facções), com o intuito de delimitar territórios e facilitar o comércio de drogas sem a intervenção do poder público (polícia), esses exércitos são compostos por “soldados” cada vez mais jovens (12 anos em média), justamente a faixa etária que lidera o quadro de homicídios, uma vez que há a necessidade de renovação devido as “baixas”.

Com a finalidade de reverter esse quadro, segundo Silvia, foram criadas em 2008, as UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadora), grupamentos policiais que atuam nas  comunidades com o diferencial de estarem baseados dentro das mesmas, o que facilita as ações e o diálogo com a comunidade, que não mais tem que se dirigir ao batalhão responsável pela área e simplesmente comunicar ao responsável pelos policiais, que fica lotado na UPP local, dentro da comunidade. O principal objetivo das UPP’s não é acabar  com o tráfico e sim acabar com a livre circulação de armas de guerra pela comunidade,  afirma Silvia, porém uma das principais críticas da comunidade é a de que os policiais  continuam utilizando armamento pesado, embora os coíba. As mudanças quanto à  estrutura do policiamento são muitas, os policiais são recém contratados através de concursos realizados especificamente para as UPP’s, há incentivos financeiros por bons  serviços prestados, a rapidez nas intervenções é maior devido a proximidade das bases,  dentre outros agravantes positivos. A preocupação da comunidade, diz Silvia, é a de que tudo acabe após a Copa do Mundo e as Olimpíadas e haja o retorno dos tempos de guerra. As autoridades, tem que dar continuidade a essa política pública e assim garantir o direito dos cidadãos.

 

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